Este artigo faz parte da série sobre agilidade, no primeiro falei especificamente dos Processos você pode ler e entender a relação entre processo e pessoas. Neste segundo artigo vou tratar das pessoas, ou seja o time propriamente dito.
Vou passar por temas, como: comunicação, liderança, ambiente de trabalho, inter-relacionamento dos membros que são as principais engrenagens do desenvolvimento ágil. Quanto antes entendermos isso, mais rápido evoluiremos no caminho da agilidade.
Pessoas
Fazemos a coisa funcionar de um jeito ou de outro, se as coisas funcionarem bem e se o ambiente for saudável tenha certeza que irá contribuir para reduzir a sua taxa de saída seja da equipe, projeto ou até da empresa.
Digo isso com base na observação dos próprios times com os quais eu trabalhei e comentários que recebi de colegas que saíram por desgastes excessivos e constantes.
Em contra-partida um ambiente saudável, é aquele onde os profissionais podem aprender, se desenvolver, contribuir e sentir que fazem parte de algo maior, que a sua presença faz diferença.
Sei que o turn-over é um problema muito mais amplo, mas o desgaste no dia-a-dia das equipes é rotina para muitas empresas e tenha certeza que sempre é possível fazer alguma coisa, lembre-se disso!
Algumas coisas que eu faço para construir um ambiente saudável:
- Estimular a troca de ideias, ouvindo sugestões
- Fazer reuniões de design de soluções
- Separar uma parte do tempo para aprendizado de novas tecnologias
- Possibilitar que os membros aprendam algo mesmo que a tecnologia não seja inovadora
Comunicação
Métodos ágeis dependem fortemente do fator humano, devido a simplificação do processo como forma de preparação para mudanças de maneira mais responsiva. Kent, Beck no livro Extreme Programming Explained fala que:
XP é uma filosofia de desenvolvimento de software baseada em valores de comunicação, feedbacks, simplicidade, coragem e respeito.
Mas essas características são essenciais em qualquer ambiente de trabalho e vitais para as metodologias ágeis. Falando de comunicação, devemos tratar toda troca de informação entre dois ou mais membros do time como uma reunião, dessa maneira muitas decisões podem ser agilizadas.
Uma coisa que percebi na minha carreira, é que muitas pessoas às vezes temem o formalismo e por isso acabam não contribuindo com ideias que poderiam ajudar o time. Esse é um dos motivos que fazem valer a pena reuniões com menos formalidades, principalmente em times novos ou com pouca experiência em processos ágeis.
Outra vantagem desse tipo de comunicação, é que você começa incentivar as contribuições e tomada de decisões coletivas, pois o time sempre conversa, mas nem sempre os resultados das conversas são aplicados ao projeto.
Trazer para o projeto a toma de decisão coletiva é de suma importância, demonstra o grau de confiança e comprometimento entre os membros do time.
O compartilhamento das responsabilidades talvez seja o fator que mais irá fazer o time evoluir no caminho da agilidade.
Larguemos os velhos hábitos de priorizar o lado técnico em detrimento do lado humano, hoje em dia isso não faz mais sentido. É necessário superar aquelas conversas, sobre padrão de: "faltam requisitos..", "os requisitos ruins...", etc. E pensar em como pode ajudar, ou como pode contribuir.
Menos "reuniões" e Mais decisões
Uma coisa que os métodos ágeis trouxeram de contribuição direta foi a redução do formalismo, como as daily meetings feitas em pé e na sala de trabalho, isso facilita a sua execução, outro ponto importante de contribui fortemente para comunicação é a quebra de tarefas com uma granularidade bem pequena.
Tarefas pequenas evitam que os membros do time projetem grandes partes do sistema sozinhos, pois essa divisão irá estimular conversas de projeto e aí que a coisa fica interessante.
Incentivemos todo o tipo de comunicação de maneira a tomarmos o maior número de decisões sem a necessidade de agendar uma sala, marcar uma data, hora, etc.
Usemos ferramentas de comunicação, um exemplo bem legal é o uso do slack não só como canal de comunicação. Imagine que o time receba no próprio notificações de build ou deploy de novas versões das aplicações, segue um exemplo slack + jenkins ci.
Quanto menos formalismo melhor, dê-em liberdade para o time desenvolver maturidade com responsabilidade.
Exemplos de conversas que é interessante se ter:
- Ao idealizar uma solução
- Ao avaliar uma mudança de escopo
- Ao apresentar algo terminado mas ainda não entregue
Esse item é interessante, pois dessas pequenas reuniões podem surgir o que eu chamo de micro-padrões que são uma maneira e fácil de evoluir e deve ser refinada com todo o time.
Ainda sobre reuniões, alguns lembretes:
- Não perca tempo com reuniões desnecessárias.
- Não devemos discutir soluções no momento errado, por exemplo: discutir detalhes técnicos numa reunião de planejamento.
- Sejamos objetivos ao reportar o progresso da sua atividade, lembre-se que a ideia é saber se tudo está correndo conforme o planejado.
- Reportemos nosso progresso o tempo todo, não devemos deixar o time no escuro.
- Ninguém deve trabalhar sozinho em nada, divida o máximo possível. Vá calibrando a granularidade das atividades, o livro BDD in Action é um bom início.
Contratos "Funcionamento do time"
É o conjunto dinâmico de regras que o time vai elaborando de maneira a criar a sua cultura, seu jeito de trabalhar, nelas estão contidos os procedimentos para a execução de diversas atividades relevantes ao dia-a-dia do time.
Conforme Jeff Patton em Agile Development is More Culture Than Process: Cultura é processo. Identifique a sua cultura e promova.
Agregar e construir
Já trabalhei com times sem experiência, times com muita experiência e observei que o relacionamento entre os membros é o que realmente fará a diferença. Todos sempre têm algo a contribuir e ninguém sabe tudo.
- Explorar a combinação entre seniors e juniors
- Explorar a combinação entre os mais antigos e recém chegados
O time precisa de liberdade para falar, isso cria confiança e a confiança gera um ambiente saudável para evolução e produtividade, que por sua vez se transforma em cultura de trabalho em equipe.
Essa "Cultura" irá mudar conforme o entendimento e membros do time, mas não há problema pois, a mudança é uma constante.
Liderança
Não podemos misturar função com cargo, o cargo é corporativo, é o seu papel na empresa. A função é como você vai atuar em terminado momento dentro da equipe. A atribuição de funções diferentes a cada ciclo estimula o processo de melhoramento.
Isso é importante, pois uma maneira de descobrir novos líderes é dando funções diferenciadas dentro do escopo do time sem afetar a visão corporativa. Ou seja continua havendo um responsável técnico, porém existem responsáveis por atividades específicas também.
Responsável pelo time
- Normalmente é um senior, com boa experiência
- Tem ciência de tudo o que acontece e é o principal responsável por problemas e muitas decisões de projeto.
- O senior deve trazer segurança para o projeto e não competir com o time.
O Senior é Senior, entenda isso!
Responsável por uma atividade
- Coordena e organiza a divisão para sua execução
- Faz as verificações necessárias para se entregar a atividade
Essa é uma boa maneira de se descobrir e estimular novos líderes.
Agilidade
Chegamos ao final de mais um capítulo da nossa série, onde falei um pouco sobre o papel das pessoas no caminho da agilidade. No próximo capítulo vou tratar de algumas Tecnologias para dar suporte a agilidade. Aprensentar alguns exemplos de como estruturar as coisas maneira a viabilizar uma execução que propicie o bom andamento do projeto.
Cada um tem seu tempo o seu caminho, sua percepção de como as coisas devem seguir. Tudo está sempre mudando e se renovando mas em linhas gerais é possível trabalhar de maneira a abstrair os detalhes tecnológicos de cada momento e seguir evoluindo.
É importante estarmos prontos como agilistas para pegar as oportunidades tão logo elas apareçam de maneira a:
Seguirmos na estrada para a agilidade
Que esse artigo sirva de breve referência para os seus estudos em agilidade e melhoria continuada, se você está por aqui já é meio caminho andado, parabéns.
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